sexta-feira, 31 de maio de 2013

Castelo de Agravian


As paredes do castelo mantinham as pedras brancas da fachada externa, cobertas por quadros com figuras das primeiras eras e antigas armas e armaduras. Longas mesas se estendiam pelos salões, iluminados por lustres recobertos por velas. Os compridos tapetes azuis guiavam Leon sala por sala, até finalmente chegar a uma porta branca no lado oposto. Os convidados do rei encontravam-se no jardim aos fundos do castelo, servindo-se de vinho. Leon desceu a pequena escadaria e caminhou até o peitoril do jardim observando a escuridão da baía de Satis, mais alguns passos para a direita e deparou-se com a estátua da deusa Corális que tomava grande parte do jardim.

Abygail Stier


                                                         Abygail Stier

Abygail certamente havia herdado as habilidades de combate da família, seu corpo era rígido, com o cabelo loiro contido em uma longa trança, sempre envolto pelo cachecol verde da família. Ela vivia com um arco na mão, uma pequena espada curva na bainha e uma cinta de adagas presa à cintura.

Túmulo da rainha Lafen


Marina vestiu seu capuz branco e voltou a montar em seu cavalo, partindo em direção ao lago de Begleiter. Seus olhos estreitos pelejavam contra as fortes correntes de vento e os feixes de sol há muito esquecidos pelo tardar do inverno. O imenso lago foi batizado com o nome de sua ancestral Begleiter, mulher de Afor, primeiro senhor de Agravian, na época da guerra por Aurum. Benevere, a égua branca de Marina corria incansavelmente pelo imenso campo gelado, sem se importar com o forte ar gelado que preenchia seus pulmões. Ao contornar o abissal lago a princesa deparou-se com a parte leste da floresta de Agravian, jamais explorada por ela. Benevere relinchou alarmada e parou instantaneamente, olhando acobardada a densa floresta negra, mas continuou pela trilha de pedras assim que ordenada por sua dona. A floresta infinda fechava-se mais a cada metro que se passava e Benevere já não podia mais galopar, sendo obrigada a marchar lentamente entre o labirinto de árvores, tocos e arbustos que cingiam o local. O entrelaçar das árvores impedia que o vento frio adentrasse, porém, a floresta continuava húmida e escura. Um pequeno barranco de terra molhada recém-marcado por cascos de cavalo foi avistado, ligando a densa floresta a um pequeno portal erguido entre galhos e plantas trepadeiras que refulgiam a luz do dia. Benevere relinchou alto ao voltar a galopar por campos abertos, incessante em direção aos montes brancos ofuscados no horizonte gélido. Marina agarrou-se a cela de sua égua e deixou que a própria se guiasse por entre a fina camada de gelo derretido nos pastos dos campos de Agravian. Finalmente as colinas se dissiparam no horizonte e logo ficaram para trás, dando lugar a uma trilha quase imperceptível a um olhar pouco cuidadoso, que seguia rumo ao topo de um patamar mais alto, na beira da cratera que delimitava o fim do reino e o início do mar. Marina saltou de Benevere, amarrou seu alforje de flechas à suas costas e armou seu longo arco de madeira branca seguindo em direção as árvores no topo da pequena colina. As três árvores principais estavam circundadas por amplas rochas abauladas que cercavam um túmulo de pedra com a figura esculpida de uma mulher deitada sobre ele. Marina abaixou-se lentamente para ler as palavras gravadas na pedra e olhou fixamente ainda comovida para gravura da bela dama que se acamava sobre o túmulo.

Castelo de Aurum

                       
                                                          Castelo de Aurum

O vento percorria a vasta área aberta sobre a água. Em meio à tormenta de sua fúria, alimentava a ira das ondas que sucumbiam exaustivamente contra o imenso paredão de pedras. A força do mar estava há muito marcado entre as fendas nas pedras rígidas que sustentavam o patamar que fora escolhido como sede da cidade dos nobres, com sua muralha minunciosamente construída durante gerações para abrigar o berço da família real. Aurum, a capital do reino dos homens fazia-se presente sobre uma ilha de pedras entre as vastas campinas do reino ao leste e o infindo mar ao oeste. Cercada por precipícios, a cidade estava estrategicamente invulnerável a qualquer tipo de ameaça por terra ou por mar. O imenso castelo apoiava-se na beira do precipício, criando uma espécie de balanço que sustentava parte de sua estrutura suspensa sobre a água. Laurel, a cidade dos nobres cavaleiros estava ao leste, logo abaixo, protegendo a única entrada a cidade dos reis. Uma cachoeira de proporção alarmante formava-se entre as duas cidades, sobre a proteção de duas estatuas monumentais com a figura de dois cavaleiros cruzando suas lanças, como forma de dissipar o movimento da queda das águas, deixando uma única brecha sobre uma ornamentada ponte de pedras que ligava Laurel a Aurum por entre uma caverna diagonal. A estrada entre a caverna iniciava-se em Laurel no nível do mar, até o patamar superior a caminho do castelo que abrigava o concelho, a supremacia do reino e seu rei, Galehaut.

Mapa de Aurum


                                                                     

quinta-feira, 30 de maio de 2013

Feudos de Aurum

                                                                                                            *Morholt
                                                                Feudos de Aurum

                                                             Aurum            - Capital do reino          
                                                              Hazel             - Cidade dos arqueiros    
                                                              Laurel            - Cidade dos nobres cavaleiros  
                                                              Serena           - Cidade do comércio marítimo
                                                              Agravian        - Cidade dos pescadores      
                                                              Morthol         - Cidade da escola de armas
                                                              Vougahn        - Cidade dos mineradores  
                                                              Líadan           - Cidade dos diplomatas    
                                                              Menglod        - Cidade dos artesões        
                                                              Algar             - Cidade dos cavaleiros    
                                                              Dahas            - Cidade dos arcanos    
                                                              Valkiria          - Cidade dos sacerdotes

Um conto sobre deuses



No início, o mundo era feito de vazio e escuridão, regido e governado por Shakar, senhor das sombras, do escuro e do vazio. Porém, tudo no mundo necessita de equilíbrio, para a escuridão sempre haverá uma luz, por mais tênue que seja. Em meio ao vasto horizonte negro surgiu um clarão nascente, dando vida a Aghor. E assim viveram enfrentando as eras, mas até mesmo seres supremos tender a sucumbir perante a solidão e os desejos. Aghor, em um violento rugido de desalento, criou uma fenda no escuro vazio e despertou um calor infindo, trazendo a vida seres celestes para reinarem junto a eles. Aghor provinha sua vida dos céus, mas seus companheiros necessitavam de outra fonte de energia para sobreviver. Do ventre de sua esposa, Aghor gerou um mundo onde o amor dos deuses seria convertido em poder vital. Agahta gerou a terra e a natureza de seu ventre e desta brotaram formas de vida as quais cada deus cuidava e se alimentava de fé. Shakar não suportou a luz que os deuses trouxeram consigo e partiu junto aos deuses renegados para o lado escuro do mundo.

A natureza foi a maior riqueza que os deuses criaram neste mundo, seus elementos deram vida aos seres que por aqui habitam. Seres que o dominaram por entre as eras, usando-o e destruindo-o. Criaturas que aprenderam não só a se defender, mas também a atacar usando tais riquezas. Aghor, ainda nos palácios suspensos, por ódio de tamanho descaso entre os seres na terra, decidiu limpar o mundo e pediu a Miriel, sua sobrinha, deusa das chuvas e da água doce, que enviasse uma última tempestade. Agahta, sua mulher, deusa da natureza, com os olhos piedosos em prantos por amor a seus filhos, implorou a Aghor uma última chance, daria a uma raça de homens o poder de interagir com os elementos da natureza, assim, estes provariam o seu valor a partir de suas escolhas, trariam a paz ao mundo em meio a essa era onde castelos eram erguidos para a guerra, ou seriam corrompidos por tamanho poder em suas mãos e trariam a escuridão a seu mundo. Krieghor, deus da guerra, ajoelhou-se segurando a sua espada e jurou a sua irmã que aqueles que escolhessem o caminho da luz teriam proteção em sua jornada. Agahta, comovida derramou suas lágrimas em quatro frascos de cristal e entregou-os a Iduna, deusa dos partos e das famílias pedindo-a que as desse de beber as mais puras criaturas que encontrasse na terra e assim seus legados carregariam a marca dos elementos da natureza. Shakar, deus do submundo, rei dos deuses renegados, interferiu durante a reunião e ofereceu Alícia para ajudar Iduna em sua jornada, os deuses renegados derivam de tudo que a humanidade criou de desprezível na terra e sem os homens Shakar sabia que seria questão de tempo para que os poderes de seu seguidores fossem esvaídos. Os portões dos céus foram abertos para Iduna e Alícia, que rapidamente pousaram em Elemenah, uma das ilhas isoladas do sul, onde se depararam com Elthya - uma das princesas da ilha norte – e a entregaram o frasco onde a lágrima havia ficado branca, rapidamente levaram a segunda lágrima à ilha do oeste e entregaram a Korg – rei da planície de areia. Iduna não suportando a ideia de ter de viajar com a filha bastarda de seu marido, entregou o frasco da lágrima vermelha a Alícia e a instrui que a entregasse à Leonas – rei de Ofen nos vales vulcânicos do sul – enquanto levaria a última lágrima a Azura, a rainha das lagoas da ilha leste antes que Dain, deus do dia e do sol, surgisse trazendo a luz da nova manhã. Shakar, porém, envolto em tamanho poder concedido por Agahta, antes que Alícia entregasse a lágrima, coletou um simples respingo e o guardou em um frasco amarrado a seu pescoço. Na noite seguinte, Shakar voltou a uma ilha abandonada entre as demais e selou um acordo com Shatten, rei das tribos bárbaras, lhe entregando o respingo da lágrima de Agahta, em troca de sua total lealdade. Na mesma noite, transformou os pedregulhos em sua volta em ouro e ordenou a Shatten que criasse um exército e exterminasse os reinos nas ilhas vizinhas e assim começaria uma era de escuridão, escuridão que encobriria o mundo novamente e alimentaria os poderes de Shakar, fazendo com que Aghor caísse, deixando os palácios suspensos para que os deuses renegados governassem os céus enquanto Shatten governaria a terra.