quinta-feira, 30 de maio de 2013

Um conto sobre deuses



No início, o mundo era feito de vazio e escuridão, regido e governado por Shakar, senhor das sombras, do escuro e do vazio. Porém, tudo no mundo necessita de equilíbrio, para a escuridão sempre haverá uma luz, por mais tênue que seja. Em meio ao vasto horizonte negro surgiu um clarão nascente, dando vida a Aghor. E assim viveram enfrentando as eras, mas até mesmo seres supremos tender a sucumbir perante a solidão e os desejos. Aghor, em um violento rugido de desalento, criou uma fenda no escuro vazio e despertou um calor infindo, trazendo a vida seres celestes para reinarem junto a eles. Aghor provinha sua vida dos céus, mas seus companheiros necessitavam de outra fonte de energia para sobreviver. Do ventre de sua esposa, Aghor gerou um mundo onde o amor dos deuses seria convertido em poder vital. Agahta gerou a terra e a natureza de seu ventre e desta brotaram formas de vida as quais cada deus cuidava e se alimentava de fé. Shakar não suportou a luz que os deuses trouxeram consigo e partiu junto aos deuses renegados para o lado escuro do mundo.

A natureza foi a maior riqueza que os deuses criaram neste mundo, seus elementos deram vida aos seres que por aqui habitam. Seres que o dominaram por entre as eras, usando-o e destruindo-o. Criaturas que aprenderam não só a se defender, mas também a atacar usando tais riquezas. Aghor, ainda nos palácios suspensos, por ódio de tamanho descaso entre os seres na terra, decidiu limpar o mundo e pediu a Miriel, sua sobrinha, deusa das chuvas e da água doce, que enviasse uma última tempestade. Agahta, sua mulher, deusa da natureza, com os olhos piedosos em prantos por amor a seus filhos, implorou a Aghor uma última chance, daria a uma raça de homens o poder de interagir com os elementos da natureza, assim, estes provariam o seu valor a partir de suas escolhas, trariam a paz ao mundo em meio a essa era onde castelos eram erguidos para a guerra, ou seriam corrompidos por tamanho poder em suas mãos e trariam a escuridão a seu mundo. Krieghor, deus da guerra, ajoelhou-se segurando a sua espada e jurou a sua irmã que aqueles que escolhessem o caminho da luz teriam proteção em sua jornada. Agahta, comovida derramou suas lágrimas em quatro frascos de cristal e entregou-os a Iduna, deusa dos partos e das famílias pedindo-a que as desse de beber as mais puras criaturas que encontrasse na terra e assim seus legados carregariam a marca dos elementos da natureza. Shakar, deus do submundo, rei dos deuses renegados, interferiu durante a reunião e ofereceu Alícia para ajudar Iduna em sua jornada, os deuses renegados derivam de tudo que a humanidade criou de desprezível na terra e sem os homens Shakar sabia que seria questão de tempo para que os poderes de seu seguidores fossem esvaídos. Os portões dos céus foram abertos para Iduna e Alícia, que rapidamente pousaram em Elemenah, uma das ilhas isoladas do sul, onde se depararam com Elthya - uma das princesas da ilha norte – e a entregaram o frasco onde a lágrima havia ficado branca, rapidamente levaram a segunda lágrima à ilha do oeste e entregaram a Korg – rei da planície de areia. Iduna não suportando a ideia de ter de viajar com a filha bastarda de seu marido, entregou o frasco da lágrima vermelha a Alícia e a instrui que a entregasse à Leonas – rei de Ofen nos vales vulcânicos do sul – enquanto levaria a última lágrima a Azura, a rainha das lagoas da ilha leste antes que Dain, deus do dia e do sol, surgisse trazendo a luz da nova manhã. Shakar, porém, envolto em tamanho poder concedido por Agahta, antes que Alícia entregasse a lágrima, coletou um simples respingo e o guardou em um frasco amarrado a seu pescoço. Na noite seguinte, Shakar voltou a uma ilha abandonada entre as demais e selou um acordo com Shatten, rei das tribos bárbaras, lhe entregando o respingo da lágrima de Agahta, em troca de sua total lealdade. Na mesma noite, transformou os pedregulhos em sua volta em ouro e ordenou a Shatten que criasse um exército e exterminasse os reinos nas ilhas vizinhas e assim começaria uma era de escuridão, escuridão que encobriria o mundo novamente e alimentaria os poderes de Shakar, fazendo com que Aghor caísse, deixando os palácios suspensos para que os deuses renegados governassem os céus enquanto Shatten governaria a terra.    

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